Toda era de transformação econômica começa da mesma forma: com infraestrutura que parece de nicho — até que não seja.
Os primeiros sistemas de irrigação desbloquearam as primeiras cidades. As primeiras redes ferroviárias reconfiguraram economias inteiras. Os protocolos centrais da Internet, TCP/IP, transformaram redes de informação lentas e segmentadas em um único sistema de comunicação global. E a nuvem transformou servidores ociosos na base da economia digital.
Não nos lembramos deles por como começaram. Nos lembramos deles por como escalaram. Porque, na prática, o que antes parecia experiências de nicho tornou-se a espinha dorsal dos mercados globais.
Stablecoins estão por vir. Bem-vindo à era da camada de stablecoins: uma base aberta e programável para o movimento global de dinheiro.
Logo no ano passado, stablecoins careciam de uma regulamentação clara e foram rejeitadas pela maior parte do establishment financeiro. Avançando alguns meses, o Congresso dos EUA aprovou o GENIUS Act, criando a primeira estrutura federal do país para stablecoins e definindo-as explicitamente como instrumentos de pagamento. Grandes bancos e redes de cartões entraram nesse espaço. Os primeiros a agir, como a Circle, fizeram sua estreia em Wall Street. E líderes de fintech, desde Stripe até Shopify, estão adotando stablecoins para viabilizar transações mais rápidas, mais baratas e sempre ativas.
Estes não são marcos isolados. São sinais de que stablecoins estão no caminho para se tornarem infraestrutura central, assim como a AWS se tornou o motor silencioso da economia em nuvem. Stablecoins representam uma mudança de plataforma em pagamentos. Assim como mudanças de plataforma anteriores – da computação de mainframe para computadores individuais, do desktop para o móvel, e da infraestrutura on-premises para a baseada na nuvem – stablecoins vão desbloquear uma onda de inovação ao modernizar a infraestrutura financeira. Este é o ponto de inflexão, mas também é apenas o começo, e ainda há muitas pessoas pensando muito pequeno.
Para muitos, os dólares ainda estão acorrentados a infraestrutura desatualizada como transferências bancárias e ACH. Nada disso é feito para componibilidade, automação ou interação máquina-a-máquina, como é exigido na era moderna. É uma relíquia de ritmo lento que freia uma economia global interconectada que quer se mover mais rápido e incluir mais pessoas. Até modernizarmos os trilhos, estaremos limitando a velocidade real do dinheiro – e, com isso, o potencial econômico global.
Stablecoins quebram essas amarras. Sem feriados bancários, sem intermediários, sem conceito de dias úteis ou horários. Apenas liquidação global, barata e instantânea em escalas de bilhões de dólares de cada vez. Essa transformação é tão fundamental quanto transformar correio em e-mail.
Stablecoins oferecem o que a infraestrutura financeira legada simplesmente não pode: liquidação instantânea, alcance sem fronteiras, baixos custos e design programável. Elas vão perturbar mais do que qualquer outro bloco de construção cripto – reescrevendo pagamentos, liquefação de mercados de capitais e trazendo a velocidade e a interoperabilidade da internet para o próprio dinheiro.
Essa mudança vai muito além de pagamentos entre pessoas. Stablecoins também apoiarão a próxima fase do comércio nativo de IA, à medida que agentes de IA soberanos abandonam os sistemas fiat legados em favor de dinheiro descentralizado que flui livremente pela infraestrutura de blockchain. Isso impulsionará fluxos automáticos de tesouraria, comércio orientado por IA, transações máquina-a-máquina, e transações de agentes de IA soberanos.
O dinheiro está recebendo uma atualização.
A camada de stablecoins não é apenas um novo sistema, é um novo substrato para a economia global. A velocidade de movimentação do dinheiro está positivamente correlacionada ao crescimento econômico. Stablecoins vão liberar trilhões de dólares em atividade econômica latente e ajudar a aumentar o PIB global em pontos percentuais por ano. E toda essa atividade será nativa de IA.
Apesar de todo o progresso, a oportunidade ainda está no seu início. O GENIUS Act foi um marco crítico, mas ainda é apenas uma peça da legislação. E, embora o valor de mercado das stablecoins hoje supere US$ 280 bilhões, a oferta de moeda M2 nos EUA — o total de dinheiro em circulação na economia dos EUA — excede US$ 20 trilhões. Isso representa uma diferença de quase 100:1.
Continuamos subestimando o quão rápido e contundente será a transição para o padrão de stablecoins, e o quão rapidamente a IA vai acelerá-la. Em resumo, este verão marcou apenas o lançamento suave da era das stablecoins. A infraestrutura está no lugar, e a escala do que está por vir supera com folga a conversa de hoje.
Essa mudança não será barulhenta, e isso é intencional. Em poucos anos, ninguém dirá que está “usando stablecoins”, assim como ninguém diz que está “usando computação em nuvem” para armazenar fotos de seus filhos. Eles simplesmente usarão dinheiro. E as stablecoins serão a infraestrutura que sustenta tudo nos bastidores, movendo bilhões ao redor do globo em tempo real.
Os maiores vencedores dessa transição serão as plataformas que atuam nos bastidores: aquelas que mantêm os trilhos, fornecem liquidez e conquistam nossa confiança. Fintechs usarão stablecoins para liquidações instantâneas e alcance global. Governos — eventualmente, de forma relutante — vão integrar stablecoins em funções econômicas críticas. Agentes de IA falarão a língua das stablecoins de forma nativa.
Isso não é uma aposta no hype das criptomoedas. É o reconhecimento de que nosso sistema financeiro precisa de uma atualização, e stablecoins são a porta de entrada. Elas não são apenas uma forma melhor de dinheiro; são a porta de entrada para a economia on-chain. Uma vez que os usuários detenham stablecoins, eles estarão a apenas um passo de acessar um sistema financeiro global, aberto e programável. É por isso que a camada de stablecoins não é apenas o setor mais importante do cripto – é a base para o futuro da moeda digital.
