Uma exchange descentralizada e uma cadeia de camada-1, a Hyperliquid, tem o plano de lançar um stablecoin proprietário, USDH, que se tornou uma das batalhas de governança mais contenciosas dos últimos anos no criptoativo.
No centro da disputa está o controle de um token atrelado ao dólar que poderia substituir os US$ 5,5 bilhões de USDC, que atualmente representam 95% da oferta de stablecoins da plataforma, e gerar centenas de milhões em receita a partir de rendimentos de Treasuries norte-americanos. O voto dos validadores em 14 de setembro vai decidir quem emitirá o USDH.
A disputa atraiu licitantes de peso, incluindo Paxos, Frax, bem como uma coalizão envolvendo a Agora e MoonPay; no entanto, o debate mais acalorado é sobre uma proposta ligada à plataforma Bridge da Stripe.
Alguns membros da comunidade alertam que entregar o controle da camada monetária da exchange para a Stripe, que está desenvolvendo sua própria blockchain chamada Tempo e já controla a infraestrutura de carteiras por meio de sua aquisição Privy, equivaleria a ceder soberania econômica a um concorrente.
“Se a Hyperliquid ceder o seu stablecoin canônico para a Stripe, um emissor verticalmente integrado com conflitos claros, o que exatamente estamos fazendo?”, escreveu Nick van Eck, CEO e co-fundador da Agora, que tem uma proposta diante dos eleitores.
Ao anunciar sua participação na coalizão da Agora, o presidente da MoonPay, Keith Grossman, enfatizou que seu processador de pagamentos possui mais licenças e usuários verificados do que Stripe ou Bridge, dizendo “USDH merece escala, credibilidade e alinhamento – não captura de BS.”
Campo concorrente acirrado
A Paxos propôs 95% dos rendimentos de reserva acumulados para recompras do token HYPE, apoiando-se em seu histórico de mais de uma década como emissor regulamentado. Frax ofereceu um modelo “comunitário em primeiro lugar”, repassando 100% do rendimento do Tesouro aos usuários, sem nenhuma taxa.
A oferta da Agora enfatizou neutralidade e alinhamento, prometendo 100% da receita líquida para recompras de HYPE ou para o Fundo de Assistência da Hyperliquid.
Com Ethena sinalizando que pode entrar na disputa, a lista de licitantes pode se ampliar, adicionando mais uma camada de complexidade a um campo já lotado.
Cada proposta oferece uma visão diferente de como o USDH deve funcionar: desde a abordagem regulatória da Paxos, até o modelo de rendimento para usuários da Frax, passando pela coalizão Hyper-native da Agora, apoiada por custodians institucionais e rails de pagamento voltados ao consumidor.
A Hyperliquid domina o mercado DeFi de derivativos, com quase 80% de participação de mercado. Dado o crescimento do ecossistema Hyperliquid, o direito de emitir seu stablecoin nativo seria extremamente lucrativo para quem receber o contrato.
A Hyperliquid definiu 10 de setembro como prazo para propostas — espera-se mais nas próximas 48 horas — e 14 de setembro como a data da votação dos validadores. A Hyperliquid Foundation também informou que irá se abster efetivamente, deixando a decisão aos validadores.