Lee Eok-won, o indicado para chefiar a Comissão de Serviços Financeiros (FSC) da Coreia do Sul, atraiu duras críticas nesta semana após classificar as criptomoedas como sem valor real em seu depoimento escrito, antes das audiências de confirmação, conforme reportaram os meios locais em 1º de setembro.
Lee disse que ativos digitais não possuem valor intrínseco da mesma forma que ações ou depósitos bancários, e argumentou que as oscilações de preço minam sua capacidade de atuar como dinheiro. Além disso, afirmou que a extrema volatilidade dos ativos digitais os torna inadequados como reserva de valor ou como meio de troca.
A posição de Lee está alinhada com a visão do governo de que ativos digitais não são moeda legal nem produtos financeiros sob o regime regulatório financeiro.
O indicado para a presidência da FSC alertou contra permitir que fundos de aposentadoria invistam no setor, mas apresentou abertura para regular stablecoins, observando que poderiam ser geridos com salvaguardas, mantendo espaço para inovação.
Oposição da indústria
O setor de blockchain do país rejeitou as declarações, com muitos da indústria argumentando que a afirmação ignora a receita e a adoção geradas em todo o setor.
Desde 2022, a adoção de criptomoedas na Coreia do Sul aumentou de cerca de 9,7 milhões de investidores para mais de 16 milhões no início de 2025, representando mais de 30% da população e crescendo mais de 60% em pouco mais de dois anos.
A atividade de negociação nas exchanges locais, em alguns momentos, superou os volumes da bolsa de valores, e o total de holdings ultrapassou 102 trilhões de KRW (aprox. US$ 70 bilhões), destacando como ativos digitais rapidamente se tornaram uma opção de investimento mainstream para os sul-coreanos.
Um analista da Xangle, uma empresa de dados local, acusou Lee de se basear em argumentos desatualizados, outrora comuns entre líderes do setor financeiro tradicional.
Ele apontou para recentes recompras de tokens e fluxos de receita de plataformas como Hyperliquid, Tron e Ethena como evidência de criação de valor comparável às recompras de ações corporativas.
Cautela de política vs. demanda do varejo
Os reguladores sul-coreanos reforçaram restrições nos últimos meses, à medida que o interesse do varejo continua a subir no país.
O Serviço de Supervisão Financeira orientou gestores de ativos domésticos a reduzir as participações em ações relacionadas a criptomoedas, enquanto a FSC ordenou que as exchanges interrompessem serviços de empréstimos lastreados por ativos digitais ou depósitos em fiat.
Apesar da postura mais rígida, o entusiasmo do varejo por criptomoedas continua a subir. Investidores venderam ações da Tesla no valor de centenas de milhões de dólares em agosto, a maior alienação desde o início do ano passado, enquanto direcionavam recursos para proxies de criptomoedas como BitMINE, que recentemente se tornou a maior detentora de Ethereum.
Dados também mostraram uma queda acentuada nas compras sul-coreanas de ações de tecnologia dos EUA em comparação com o início deste ano.
As posições contrastantes entre reguladores e investidores levantam questões sobre como a administração do presidente Lee Jae-myung irá equilibrar a cautela com o crescente apetite da população por ativos digitais.
A matéria “Candidato à presidência da FSC sul-coreana enfrenta críticas após rejeitar criptomoedas” foi publicada originalmente pelo CryptoSlate.